segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Estado Islamico

Estado Islâmico cometeu crimes contra a humanidade, diz ONU; 1.420 morreram

Do UOL, em São Paulo
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Avanço de jihadistas leva Iraque a nova onda de violência166 fotos

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1º.set.2014 - Combatentes voluntários iraquianos celebram o rompimento do cerco jihadista na cidade xiita de Amerli, na província de Salaheddin. Milhares de moradores do Turcomenistão estavam presos na região há mais de dois meses, com pouca comida e água. A retomada da cidade é um dos maiores sucessos da ofensiva do governo do Iraque contra o grupo sunita radical do EI (Estado Islâmico), que se apoderou de grandes áreas do país Ahmad Al-Rubaye/AFP
As ações do grupo radical do EI (Estado Islâmico) na Síria e no Iraque equivalem a "crimes contra a humanidade", disse nesta segunda-feira (1º) a responsável adjunta do Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU, Flavia Pansieri. Ao menos 1.420 pessoas foram mortas no Iraque em agosto durante os conflitos entre os jihadistas e milícias locais.
"Muitos foram diretamente assassinados, outros sitiados e privados de alimentos, água e remédios", denunciou Panseri.
Segundo a funcionária da ONU, pelo menos mil yazidis, uma das minorias mais afetadas, foram mortos e 2.750 sequestrados ou escravizados nas últimas semanas. Em Badosh, se documentou a execução sumária de 650 prisioneiros, com especial violência no caso dos homens xiitas, que foram obrigados a cavar buracos onde foram mortos pelos insurgentes.
A ONU afirmou que o número de vítimas pode ser muito maior, mas que não foi capaz de verificar de maneira independente relatos sobre centenas de incidentes em áreas sob o domínio do grupo.
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Iraque: ofensiva rebelde lembra invasão dos EUA7 fotos

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Montagem mostra as semelhanças entre a invasão norte-americana à cidade de Mossul, no Iraque, em abril de 2003 (à esquerda), e a ocupação da cidade em junho de 2014 por forças rebeldes sunitas (à direita). Dez anos depois da ocupação norte-americana no país, o Iraque vive uma onda de violência que ameaça o governo central do país Leia mais Joseph Barrack, Ho, e Welayat Salauddin/AFP
Pansieri afirmou ainda que as forças de segurança iraquianas e grupos armados que se opõe ao EI também cometeram violações dos direitos humanos que "podem equivaler a crimes de guerra".
O Exército iraquiano, milícias afins e forças curdas, com apoio militar dos Estados Unidos, lutam contra o grupo terrorista, que mantém o controle de extensas áreas das províncias de Anbar, Ninawa, Salah al-Din e Diyala, no norte do Iraque.
O EI proclamou o estabelecimento de um califado nas zonas sob seu domínio, entre o norte iraquiano até a província de Al-Raqqah, na vizinha Síria.
O representante da ONU no Iraque, Nickolay Mladeno, afirmou que "milhares de pessoas continuam a ser alvejadas e mortas pelo EI e grupos armados associados simplesmente por causa de sua origem étnica ou religiosa. As verdadeiras consequências dessa tragédia humana são assombrosas".

Sequestros e crianças-soldado

Além disso, mais de 2.000 mulheres e crianças estão sequestradas no Iraquepelos jihadistas do EI, que as mantém presas em diferentes lugares, segundo informações recolhidas pela Missão das Nações Unidas neste país, que acredita que o número real possa ser "muito maior".
"Mulheres sequestradas puderam ligar para a Missão e informaram que o EI tirou seus filhos e que as mulheres são entregues aos combatentes, vendidas ou escravizadas por se negar a se converter (ao Islã)", disse o coordenador de todos os analistas e grupos de trabalho de direitos humanos da ONU, Chaloka Beyani.
Em uma sessão de emergência do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre o Iraque, também foi denunciado o recrutamento forçado de crianças pelo grupo extremista, que as envia à frente de combate para que sirvam de escudos dos combatentes adultos.

Armamento proibido

O grupo radical também foi acusado pela ONG Human Rights Watch (HRW) de usar bombas de fragmentação durante confrontos na Síria. Este tipo de armamento foi proibido em 1993.
Como diz o nome, elas se fragmentam em pequenas bombas que podem matar ou ferir mesmo um tempo depois de terem sido lançadas.
O EI teria usado as bombas nos dias 12 de julho e 14 de agosto em combates entre o grupo jihadista e as forças curdas em torno de Ain al-Arab, reduto curdo da província de Aleppo, perto da fronteira com a Turquia. (Com agências internacionais)
Entenda a violência no Iraque
  • O que está acontecendo?
    Desde que as tropas americanas saíram do Iraque, em 2011, o grupo islâmico EI vem rapidamente ocupando cidades do país. Desde junho, já tomou Mosul, segunda maior cidade e bastião da resistência à ocupação dos EUA e aliados, e partes de Tikrit, cidade de Saddam Hussein próxima da capital Bagdá
  • Quem está atacando?
    O EI (Estado Islâmico), um grupo islamita sunita que surgiu da união de diversos grupos que lutaram contra a ocupação do Iraque pelos EUA e que recentemente criou um califado nas áreas sob o seu controle no Iraque e no Levante (parte de Síria e Líbano). Seu principal líder foi Al-Zarqawi, morto em 2006. Hoje a liderança tem vários nomes, mas o principal é Al-Baghdadi
  • O que é um califado?
    É uma forma de governo centrada na figura do califa, que seria um sucessor da autoridade política do profeta Maomé, com atribuições de chefe de Estado e líder político do mundo islâmico. O Estado, que seguiria rigorosamente a lei do Islã, compreenderia a região entre o mar Mediterrâneo e o rio Tigre
  • Qual a força do EI?
    O grupo, que recebe grandes doações ocultas de dinheiro, tem milhares de militantes, inclusive "jihadistas" americanos e europeus, e se aproveita da disputa entre o governo de Maliki, apoiado pelos xiitas, e a minoria sunita para conquistar espaço. Acredita-se que seja patrocinado por governos da região. Embora seja considerado um braço da Al-Qaeda, se rebelou e foi expulso pelo líder Al-Zawahiri
  • Quem está na mira do EI?
    Cerca de 50 mil membros da minoria yazidi, que estão isolados em montanhas no noroeste do Iraque, sem comida nem água, depois de terem fugido de suas casas, e cristãos, que chegaram a ser crucificados. Mulheres tem sido forçadas a se submeter à mutilação genital e usar véus cobrindo o corpo inteiro
  • O Iraque pode se dividir?
    Apesar de o governo central de Bagdá ainda controlar oficialmente as províncias do país, é possível que haja a fragmentação em ao menos três territórios. Isso porque a divisão do Iraque entre árabes sunitas, xiitas e curdos já está bem avançada
Arte/UOL
Cidades sob controle do Estado Islâmico ou sob ameaça de ataques na Síria e Iraque

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