segunda-feira, 30 de maio de 2016

Estupro coletivo

Em conversa pelo WhatsApp, delegado desqualifica vítima de estupro coletivo

O delegado da DRCI, Alessandro Thiers, foi afastado do caso
O delegado da DRCI, Alessandro Thiers, foi afastado do caso Foto: Guilherme Pinto / 18.02.2014
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Durante uma conversa num grupo de WhatsApp, obtida pelo EXTRA, o delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), desqualifica a jovem que denunciou um estupro coletivo a ele. No texto, o policial - afastado do caso neste domingo, após um pedido da então advogada da vítima, Eloisa Samy - afirma que não houve estupro.
"Alguns esclarecimentos sobre os fatos", começa ele, para em seguida dizer que o "termo de declaração da adolescente foi filmado". E vai além, afirmando: não houve estupro. Ele ainda comenta aentrevista da jovem ao "Fantástico", na qual ela contou detalhes sobre como se sentiu após o estupro coletivo: "No 'Fantástico' era outra pessoa. Sabe que temos fortes indícios de que não existiu estupro".
O delegado ainda faz referência ao estado das partes íntimas da jovem no vídeo.
O policial prossegue: "Ela teve relação consentida com uma pessoa e não usou drogas ou álcool nesse dia, conforme ela e as pessoas que estavam com ela declararam. O relato de abuso que ela fala no 'Fantástico', ela relata que foi há tempos atrás e inclusive que os autores não foram mortos pelo chefe do tráfico local (Da Russa) por pedido da adolescente. O único crime seria a divulgação do vídeo".
Sobre o número de pessoas que, segundo a jovem, a estupraram, Thiers diz que ele é alusão a um funk: "Os 33 no vídeo foi alusão a um funk onde diz mais de 20 engravidou (sic), onde o autor do vídeo diz que engravidou mais de 30 em alusão ao funk para tirar onda de 'comedor'".
O delegado ainda diz que "tem o envolvimento claro da adolescente com pessoas ligadas ao tráfico, tendo a mãe inclusive declarado que a filha é a todo o momento aliciada e que bastaria saber atirar para trabalhar no tráfico".
Ainda de acordo com Thiers, "a advogada, que acompanhou os termos junto com a mãe, pediu à adolescente que parasse de responder perguntas quando estava sendo questionada se conhece pessoas ligadas ao tráfico local, conforme declarado pela mãe e pela própria adolescente, alegando que essas respostas poderiam incriminá-la, mas a intenção era tentar ver se ela reconhecia algum dos alegados '33' que estariam no quarto".
O delegado diz que "diversas pessoas, inclusive a própria adolescente, confirmaram que a mesma frequentava a comunidade da Barão (o morro na Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, onde a jovem contou que crime ocorreu), inclusive com contato direto e íntimo com traficantes da área".
E, no fim, Thiers insinua que a adolescente pode ter sido influenciada por Elisa Quadros, a Sininho - ativista acusada de envolvimento com uma série de protestos violentos ocorridos no Rio em 2014 -, já que Eloisa defende outros ativistas. "Por fim, tem que ser melhor investigado a participação de Eloisa Samy e Sininho influenciando a adolescente a apresentar da versão de estupro coletivo na polícia".

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Gravação sugere articulação de Sarney e Renan contra Lava Jato, diz jornal

Gravação sugere articulação de Sarney e Renan contra Lava Jato, diz jornal

Novos diálogos envolvendo o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado foram divulgados pelo ''Jornal da Globo''
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Novos diálogos gravados do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com o ex-presidente José Sarney e o presidente do Senado Renan Calheiros sugerem articulações para influenciar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato. O áudio foi divulgado pelo "Jornal da Globo", na noite desta quinta-feira, 26. 

As conversas teriam ocorrido nos dias 10 e 11 de março. No diálogo, Sarney cita o ex-ministro do Supremo Tribunal de Justiça, Cesar Asfor Rocha, como alguém próximo de Teori. ''Tem total acesso ao Teori. Muito muito muito muito acesso, muito acesso. Eu preciso falar com Cesar. A única coisa com o Cesar, com o Teori é com o Cesar", afirma Sarney.

A referência era uma resposta sobre um pedido de ajuda para “livrar” Machado de delação premiada. "Porque realmente, se me jogarem para baixo aí... Teori ninguém consegue conversar", disse o ex-presidente da Transpetro.
Na outra gravação, em que Renan participava, o advogado Eduardo Ferrão é citado. "O Renan me fez uma lembrança que pode substituir o Cesar [Asfor Rocha]. O Ferrão é muito amigo do Teori", diz Sarney.
Machado afirma, em outro trecho, que uma possível delação da Odebrecht poderia implicar a presidente afastada Dilma Rousseff por causa de pagamentos ao publicitário João Santana.

"A Odebrecht [...] vão abrir, vão contar tudo. Vão livrar a cara do Lula. E vão pegar a Dilma. Porque foi com ele quem tratou diretamente sobre o pagamento do João Santana foi ela", afirma Sarney. "Então eles vão fazer. Porque isso tudo foi muito ruim pra eles. Com isso não tem jeito. Agora precisa se armar. Como vamos fazer com essa situação. A oposição não vai aceitar. Vamos ter que fazer um acordo geral com tudo isso".

Assessores do presidente em exercício, Michel Temer, relatam apreensão no Governo, pois há informações de que o Ministério Público pode ter mais gravações de Machado. As conversas reforçariam as suspeitas de que a cúpula do PMDB estaria tentando barrar a Operação Lava Jato.
Redação O POVO Online